domingo, 21 de junho de 2009

Plano Municipal de Educação em debate na Câmara

Com a sensibilidade de alguém que vive a Educação há mais de 30 anos, o professor e vereador Eliseu Gabriel deu start para os debates sobre o Plano Municipal de Educação e colocou o tema na ordem do dia da comunidade


No último dia 18, estiveram presentes mais 300 pessoas entre educadores, especialistas, pais e alunos, num evento focado na Concepção de Educação Integral - CIEP X CEU. Para Eliseu, a Educação Integral deve ser o pressuposto para a Elaboração do PME.

Leia na íntegra a matéria publicada no site da Câmara:

Os Centros de Educação Unificada e os Centros Integrados de Educação Pública são duas experiências de governo de formação integral de alunos. A primeira introduzida na gestão de Marta Suplicy na Prefeitura de São Paulo (2001-2004) e a segunda implementada nos dois governos de Leonel Brizola (1983-1986 e 1991-1994) no Estado do Rio de Janeiro.

Nesta quinta-feira (18/06), a Câmara Municipal de São Paulo realizou Ciclo de Debates no Salão Nobre para discutir os dois modelos. Por iniciativa do vereador Eliseu Gabriel (PSB), os debates visam a aprofundar as discussões em torno do Plano Municipal de Educação.

Para falar sobre o tema, o ciclo de debates teve como convidadas a professora Laurinda de Miranda Barbosa, da Fundação Darcy Ribeiro (RJ), e a professora Maria Aparecida Perez, ex-secretária municipal de Educação da cidade de São Paulo.

Em primeiro lugar, Laurinda tratou do papel social dos CIEPs. A educadora contextualizou os princípios da proposta pedagógica do modelo, que ajudou a implantar nos anos 80 no Rio, como integrante da equipe do professor Darcy Ribeiro.

O primeiro CIEP foi inaugurado em 1985, no Largo do Machado, no Rio. “Tínhamos um anseio de liberdade e de construção de democracia. Queríamos mudar o mundo”, conta Laurinda, resgatando o espírito do grupo que construiu a proposta do CIEP, num ambiente de redemocratização do Brasil. A educadora desmistificou que apenas a manutenção da criança e do jovem na escola por um tempo maior baste para resolver o problema da educação. “Se uma escola não é boa em meio horário, em período integral ela vai ser duas vezes pior”, sublinha.

Nos oito anos de Brizola à frente do governo do Rio, foram construídas 406 unidades dos CIEPs, com capacidade para 600 alunos cada uma, todas assentados no tripé educação-cultura-saúde. 425.800 alunos foram atendidos pelo CIEP nesse período.

Em seguida, Cida Perez fez exposição sobre o projeto pedagógico dos CEUs e em que medida ele promove a inserção social. Cida ressaltou que, diferentemente do CIEP, a experiência do CEU se baseia no tripé educação-cultura-esportes. Ela também revelou que a concepção do modelo foi influenciada, em alguma medida, por experiências do passado como os parques infantis dos anos 30, as praças de equipamento idealizadas pelo educador Anísio Teixeira, os ginásios vocacionais, os ensinamentos do educador Paulo Freire, além do próprio CIEP.

“No CEU, dá pra gente inovar na composição, por exemplo, do Conselho Gestor, com maioria da comunidade e não da comunidade escolar (pais, professores e funcionários). Conseguimos dar uma voz maior [na gestão Marta Suplicy]. [A gestão atual] modificou o projeto arquitetônico. Na hora que eu espalho os prédios como eles fizeram, eu tiro o espaço de vivência comunitária. Hoje, a participação da comunidade é mais formal no Conselho Gestor”, salienta Cida Perez à nossa reportagem.


“Uma visão da escola de horário integral e de educação integral é a principal contribuição que podemos dar juntamente com outras experiências para o Plano Municipal de São Paulo. Talvez [com os CIEPs] nós tenhamos nos antecipado na história. A experiência dos CIEPs soma-se à do CEU, às feitas em Recife atualmente, à que se fez em Belo Horizonte, em Porto Alegre. Elas vão nos ensinando a caminhar cada vez mais para uma educação verdadeiramente de qualidade social”, acrescenta a professora Laurinda à nossa reportagem.

Depois das duas exposições, foi aberto espaço às contribuições dos representantes das entidades que colaboraram na promoção do evento, como o Centro do Professorado Paulista (CPP), a Via Cultural Instituto de Pesquisa e Ação pela Cultura e a REMEC-SP (Representação do Ministério da Educação em São Paulo).

“O Plano Municipal de Educação vai ser uma lei que vai planejar a educação na cidade de São Paulo nos próximos 10 anos ou mais. É uma exigência de uma lei federal de 2001. O Executivo já começou o processo de discussão do Plano no ano passado. O Plano contém tudo de importante que se possa imaginar. As medidas sociointegradoras passaram a ser questões centrais e não mais secundárias”, salientou o vereador Eliseu Gabriel, que presidiu a mesa do ciclo de debates, composta também por Laurinda, Cida, e pelo conselheiro suplente do Conselho Estadual de Educação, Severiano Garcia Neto.

As contribuições e reflexões do ciclo de debates deverão dar origem a um texto, segundo Eliseu Gabriel.

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