segunda-feira, 29 de junho de 2009

Frase do Dia

"A esperança deve ser o café da manhã de cada dia!"

sexta-feira, 26 de junho de 2009

A mulher no islã

OS PROTESTOS sobre o resultado das eleições no Irã mostraram a face de um dos mais dolorosos tratamentos impostos à mulher, que, baseados em motivos religiosos, varre os países islâmicos e a sujeita a uma situação de inferioridade que atinge brutalmente os direitos humanos.

Já contei uma vez, nesta coluna, que Antonio Alçada Baptista, grande escritor português que morreu no ano passado, certa vez, conversando comigo em Lisboa, dava graças a Deus por ter nascido português. Dizia que achava isso um privilégio que o Criador lhe tinha deferido e acrescentava com humor: "Calcule se ele me tivesse feito mulher no Afeganistão".

Os talibãs eram radicais em relação ao uso da burca, aquele cárcere de pano que prende o corpo e a face das mulheres, sem que possam mostrar nem sequer a forma dos pés.

Outros países vão à mutilação do clitóris para que a mulher seja apenas um repositório do sêmen do homem. No Irã, são legalmente consideradas cidadãs de segunda classe, que nem sequer têm direito à guarda dos filhos e são obrigadas pela sharia (a lei islâmica) a usar uma bata que lhe esconda os contornos do corpo, além de terem de cobrir a cabeça e usar o véu. Tudo isso as transforma em escravas sujeitas a todos os tipos de tratamento desumano.

Estive em Teerã, de passagem apenas pelo aeroporto, há mais de 30 anos, com Tancredo e Nelson Carneiro, quando íamos a uma conferência da Interparlamentar no Sri Lanka. A cidade é cercada de montanhas, muito seca, sem nenhuma umidade e dá uma sensação de aridez. É tão grande esse clima de opressão causado pela secura que, quando o aiatolá Khomeini morreu, em seu sepultamento a multidão de milhões de pessoas foi constantemente aspergida por helicópteros especializados em incêndios, que jogavam água sobre ela -e nem assim conseguiram evitar muitos mortos.

Agora surgiu na campanha eleitoral um candidato, Mousavi, que revolucionou tudo. Comparecia aos comícios com sua mulher, Zahra Rahnavard. Transformou-se logo no homem que valorizava a mulher. Seu cartaz dizia: "Mousavi, igualdade". Esta palavra, igualdade, ficou logo associada à causa feminista.

Agora, os protestos violentos que enchem as ruas de Teerã contra a fraude eleitoral têm como vanguarda sempre mais mulheres. Jovens de todas as idades. E o símbolo desse protesto passa a ser Neda, uma mulher morta pela milícia fanática dos aiatolás, basiysí. Seu rosto ensanguentado foi mostrado em todo o mundo. Seu sangue sem dúvida vai motivar mais ainda a libertação da mulher iraniana. Isso mostra que nem as mais cruéis tiranias, mesmo as teocráticas, resistem às ideias de liberdade e igualdade.

Fonte: Folha de S.Paulo

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Uma imagem que vale ouro

Por Andréa Garbim

O incrível sucesso da imagem do atual presidente dos EUA, Barack Obama, é resultado de uma trajetória política que foi sendo lapidada ao longo de suas experiências. Desde jovem, cultivava paixão pelos livros e por literatura - para ele “os livros mostram o verdadeiro poder das palavras”, o que o levou ao enriquecimento intelectual e à vitória das eleições presidenciais.


Ainda na época de faculdade, quando protestava contra o apartheid (regime segundo o qual os brancos detinham o poder e os povos restantes eram obrigados a viver separados dos brancos, de acordo com regras que os impediam de ser verdadeiros cidadãos) na África do Sul, foi percebendo que as pessoas começaram a ouvir e assimilar suas opiniões, durante seus discursos. Ele recebia elogios pelas palavras que inspiravam longos pronunciamentos e com isso, sua apreciação pela magia da linguagem e seu amor pela leitura cresceu. Isso não só o dotou de uma enorme capacidade de se comunicar, como também o ajudou a definir seu senso de identidade e sua percepção de mundo.

Barack Obama chegou ao poder celebrado por feitos inéditos e com uma grande missão pela frente: combater uma grave crise financeira. E dois aspectos distintos podem resumir a importância da sua imagem: o primeiro seria a construção dessa imagem, pois ele se tornou um fenômeno e sua eleição provou que uma campanha pode ir muito além da política em si. A campanha presidencial denominada ”Obamania” causou uma importante projeção da sua imagem política, que já globalizava grandes demandas dos setores considerados minoritários ou marginalizados politicamente.

Para o especialista e mestre em ciências políticas da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas) Rudá Ricci, Obama, enquanto politico não é tão progressista ou historicamente vinculado aos movimentos sociais. Mas por ter sido o primeiro candidato negro e um intelectual jovem de Harward, sua campanha se tornou ainda mais impressionante aos olhos do mundo, atingindo diversos segmentos, como por exemplo, o ambiental.

O segundo aspecto são as características dessa campanha, que se utilizou de modernos instrumentos, visto que nos EUA, o uso da internet em campanhas políticas é muito comum. A diferença da estratégia de Obama está no uso dessas tecnologias e métodos da web 2.0. “Eu mesmo me envolvi em algumas discussões da América Latina, por intermédio de um movimento social, em que as pessoas enviavam mensagens através da internet, e no dia em que ele ganhou as eleições, foi montado um painel de leitura, em Washington, que disponibilizou essas mensagens, vindas de toda América Latina”, explicou Ricci.

Para se ter uma idéia, as pessoas cadastradas no site oficial da campanha, receberam e-mails, convites, pedidos de ajuda financeira, vídeos, material de campanha, relatos da campanha, atividades da equipe, entre outras mensagens do próprio candidato. Ou seja, não era mais a campanha do Obama, mas uma campanha de militantes sociais da América Latina.

Outra característica seria o discurso de humildade que Obama utiliza, a exemplo da reunião de líderes do G20, onde ele disse que o presidente Lula “é o cara” (my man) e que o político brasileiro é “o político mais popular do mundo”. E ao se referir dessa maneira, acabou criando uma situação muito agradável de relacionamento com a América Latina. Depois dessa fala, a pessoa mais comentada foi o próprio Obama, e não o Lula. Com isso é possível enxergar a existência de uma dicotomia, ou seja, uma bifurcação entre o que foi a campanha e a movimentação da massa, dos novos meios de comunicação, e o que ele mesmo construiu em benefício de sua imagem, observa o especialista.

A estratégia de marketing também foi ferramenta essencial, usada como calmante para a nação americana. Ao falar do balanço dos 100 primeiros dias de governo, Obama demonstrava grande preocupação quanto ao princípio de sua atuação, pois esse famoso balanço é extremamente importante na história política dos EUA. Ao saber que ele seria o próximo presidente, se atentou a um cuidado: o de dizer que a crise duraria 10 anos. “Ele teve esse cuidado pela proporção que a crise foi tomando. Com certeza, ele não falaria isso se a crise não fosse tão pesada”, lembrou Ricci.

Para o especialista, Obama já estava preocupado com a repercussão e a demanda que ficaria sob sua responsabilidade, por isso usou sua imagem, seus discursos da melhor forma possível. “Com muita cautela, ele já comanda a própria agenda. E alguns analistas políticos dizem que há muito tempo os EUA não tinham um presidente tão à esquerda, no estilo de esquerda liberal. Mas de fato Barack Obama vem comandando uma mudança de planos, porém, com muito cuidado, porque a situação norte-americana ainda não é tranquila.

Roosevelt e Obama: Uma comparação ou uma esperança?

Por Andréa Garbim

Franklin Roosevelt e Barack Obama: personalidades comparadas pelas dificuldades enfrentadas em seus governos. Duas realidades distantes e duas trajetórias que se entrelaçam em relação às questões políticas. Roosevelt, homem branco, de família aristocrática e primo distante de Theodore Roosevelt, presidente dos EUA (1901 – 1909); e Obama, um intelectual jovem de Harvard, protestante, descendente de muçulmano e o primeiro negro a chegar à Casa Branca por um grande partido, o Democratas.



Os governos desses dois presidentes são comparados por historiadores e analistas de economia desde a última campanha presidencial dos EUA. Um assunto que gerou pequenas críticas e atraiu a atenção de várias áreas pois Roosevelt, em seu governo enfrentou a Grande Depressão de 1929, e Obama que lida atualmente com os desdobramentos de uma grave crise financeira mundial.

Mas a maior semelhança entre eles está nos grandes discursos já realizados e frases que movimentaram a mídia. Pronunciamentos que marcaram época de campanha nas duas eleições. Roossevelt, que na época fora acometido de uma paralisia decorrente da poliomielite (que o deixou sem andar aos 39 anos), era incansável em suas palavras. E Obama, que se mostrou imbatível no plano da comunicação, com seu marketing político, tornando-se o “político 2.0”.

O escritor e historiador da Universidade de São Paulo (USP) Boris Fausto, explica outro aspecto que une as imagens: o fato de ambos terem chegado à Casa Branca beneficiados pela crise. Porém, Roosevelt não anunciou as medidas que tomaria contra a depressão - o que o tornou célebre na campanha de 1932. Suas preocupações com o corte de gastos e o equilíbrio orçamentário não divergiam do ponto de vista ortodoxo do então presidente Hebert Clark Hoover. O presidente americano, por sua vez, rapidamente construiu sua equipe parlamentar, planejou uma série de medidas com o objetivo de cortar gastos orçamentários, e consequentemente foi se tornando o centro da cena política americana.

Para alguns historiadores, o maior erro de Obama é tentar resolver vários problemas ao mesmo tempo, perdendo o foco. Já Roosevelt conseguiu aprovar 15 leis em três meses. A vantagem do atual governo dos EUA é a oportunidade de poder planejar melhor essa transição.

Roosevelt, na tentativa de solucionar os problemas da crise, ao assumir o poder, criou o “New Deal”, com o objetivo de sanear o sistema financeiro, impedindo manipulações e práticas fraudulentas no mercado de ações, favorecendo créditos aos agricultores e impulsionando o desenvolvimento da economia. No entanto, o “New Deal de Obama” também prevê iniciativas semelhantes, como por exemplo, os pacotes econômicos, o incentivo às atividades geradoras de energia limpa, algo que ninguém pensou nos anos 30, do século passado.

Hoje, a maior parte do eleitorado americano espera que, assim como Roosevelt, Obama seja lembrado na história como o presidente que tirou o país da crise. Os EUA esperam que o seu presidente use sábias palavras para inspirá-los uma nova esperança. Os americanos precisam de um governo que reforce o espírito do “tudo é possível na América”, e que lidere pelo exemplo. Mostrar indecisão pode comprometer a capacidade de liderança. Foi o que moveu Roosevelt a dizer, no seu discurso de posse, a frase que define, para muitos, seus anos no poder: “A única coisa que devemos temer é o próprio medo”.

O mesmo motivo levou Obama a dizer, em Chicago, na noite da sua vitória: “A estrada à nossa frente será longa. Nossa escalada será íngreme. Podemos não chegar lá em um ano, nem mesmo em uma gestão. Mas, América, eu nunca estive tão confiante de que chegaremos lá”.

Segundo Fausto, Barack Obama não enfrentará um cenário de guerra de proporções mundiais como Roosevelt. No entanto, conduzirá suas estratégias no palco das explosões econômicas e sociais, que vão continuar desestabilizando o mundo. Para o historiador, fica a indagação: “Ele terá a mesma sorte que Roosevelt, de livrar os EUA de uma grande crise financeira?”. Só o tempo nos dirá!

Para refletir


DEDICAÇÃO



Dedicação é a capacidade de se entregar à realização de um objetivo. Não conheço ninguém que tenha progredido na carreira sem trabalhar pelo menos doze horas por dia nos primeiros anos.

Não conheço ninguém que conseguiu realizar seu sonho sem sacrificar feriados e domingos pelo menos uma centena de vezes.

Da mesma forma, se você quiser construir uma relação amiga com seus filhos, terá de se dedicar a isso, superar o cansaço, arrumar tempo para ficar com eles, deixar de lado o orgulho e o comodismo.

Se quiser um casamento gratificante, terá de investir tempo, energia e sentimentos nesse objetivo.

O sucesso é construído à noite! Durante o dia você faz o que todos fazem. Mas, para conseguir um resultado diferente da maioria, você tem de ser especial. Se fizer igual a todo mundo, obterá os mesmos resultados.

Não se compare à maioria, pois, infelizmente, ela não é modelo de sucesso. Se você quiser atingir uma meta especial, terá de estudar no horário em que os outros estão tomando chope com batatas fritas.

Terá de planejar, enquanto os outros permanecem à frente da
televisão. Terá de trabalhar, enquanto os outros tomam sol à beira da piscina.
A realização de um sonho depende da dedicação. Há muita gente que espera que o sonho se realize por mágica. Mas toda mágica é ilusão. A ilusão não tira ninguém do lugar onde está.

Ilusão é combustível de perdedores.

(Roberto Shinyashiki)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

JUCA KFOURI

Fogos e palmas, por favor!

O primeiro tempo da seleção brasileira diante da Itália merecia os fogos típicos de junho. Mas cadê?

QUEM FAZ 3 a 0, em 45 minutos, na seleção campeã mundial merece atenção.
Mais: merece aplausos e fogos típicos de festas juninas no país afora.
E, se pelo país afora é impossível garantir que não tenha havido, em São Paulo, ao menos, não houve.

E não há o que justifique.
Porque os dois gols de Luis Fabiano e o contra de Dossena, que seria de Ramires, foram resultado de uma exibição mais do que convincente do time de Dunga.
Exibição tão boa que, antes de os gols serem marcados, houve duas bolas, em jogadas de Ramires e Lúcio, nas traves italianas. E pelo menos um milagre do goleiro Buffon, em chute de Lúcio.

Há quem diga que o futebol italiano não é de nada e, de fato, da conquista do tetracampeonato em campos da Alemanha para cá, a seleção azzurra tem sido um blefe.
Mas, atenção, repitamos, é a atual seleção campeã mundial.
E o time brasileiro a botou no bolso, fez dela o que quis, a dominou, a controlou, a inibiu, a humilhou com seu toque de bola no primeiro tempo, ao contrário do segundo, quando, enfastiada, a deixou jogar, sem maiores consequências.

E a eliminou da Copa das Confederações como se fosse simples.
Não é, como deverá ser simples derrotar a África do Sul na quinta-feira e complicado, complicadíssimo, superar a Espanha em seguida, na final, briga de cachorro grande, como gostam nossos jogadores.

Exceção feita aos dois ocupantes da lateral esquerda, Dunga tem praticamente seu time pronto um ano antes da Copa, o que é boa notícia.
E, nesta lateral, talvez fosse interessante testar ou Maicon ou Daniel Alves, ambos destros, é verdade, mas como destros são dois dos melhores que já vestiram a mesma camisa, Nilton Santos e Júnior.

"Vergonhoso?"
Richarlyson anunciou que seria "vergonhoso" perder para o Corinthians. Nunca é, num clássico, a menos que as circunstâncias sejam excepcionais.
Ontem, no Pacaembu, não foi, porque ele mesmo tratou de transformar um 3 a 0 indiscutível num aceitável 3 a 1.

Mas o São Paulo não está apenas jogando mal, está, também, descontrolado. E até olé levou de um time que vinha de uma partida disputada com o Inter numa intensidade que ainda não tinha sido vista em gramados brasileiros em 2009.
Tanto é verdade que o time gaúcho levou uma traulitada impiedosa do Flamengo, como levou o Cruzeiro do Barueri depois de eliminar o São Paulo.

A rodada foi mesmo alvinegra, cores do Galo, que quase vê fugir a vitória diante do Santos por causa de um árbitro que recomeçou a partida que ele havia terminado e achou de compensar a lambança com a inexplicável anulação do gol de empate santista.
Numa rodada maluca e meio escondida em que nada menos do que cinco jogos tiveram seu resultado definido apenas nos segundos finais. E na qual a arbitragem extrapolou no direito de errar, como no gol do Santo André e na anulação do lindo gol de Obina em Curitiba. Isso sim é vergonhoso e nada é feito para mudar.

Folha de S.Paulo

Frase do dia

Com o tempo, você aprende a construir todos os seus caminhos hoje,
porque o terreno do amanhã é incerto para fazer planos.

domingo, 21 de junho de 2009

Indignação cresce de norte a sul: novos protestos convocados para segunda-feira


Nota oficial - FENAJ


Estudantes de Jornalismo de diversas cidades do país organizam novas manifestações de desagravo à decisão do STF que aboliu a obrigatoriedade da formação universitária para a profissão de jornalista. Os atos estão marcados para esta segunda-feira, dia 22, em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Teresina e Caxias do Sul. Serão simultâneos, a partir das 10h. Em Porto Alegre, haverá manifestação na quarta.

A FENAJ, os Sindicatos de Jornalistas e o Fórum Nacional de Professores de Jornalismo se engajaram na mobilização e estão convocando profissionais e professores a participarem ativamente.

Também conclamam demais segmentos profissionais, movimentos sociais, parlamentares, autoridades a comparecerem às atividades, levando às ruas o apoio e preocupações que já vêm externando aos jornalistas.

Conforme os Diretórios Acadêmicos dos Cursos de Jornalismo que lideram a organização, serão promovidas passeatas que culminarão com atos e a orientação é para que todos participantes vistam preto, usem nariz de palhaço, levem apitos e empunhem colheres de pau, além de faixas e banners da campanha pela valorização da formação e profissão de jornalista. As manifestações serão simultâneas em todas estas cidades, a partir das 10h desta segunda-feira. Já em Porto Alegre, o Sindicato está convocando mais um ato para quarta-feira.

Manifestação em SÃO PAULO (SP)

DIA: 22/06 – segunda-feira
HORÁRIO: 10h
CONCENTRAÇÃO: em frente ao metrô Consolação - av. Paulista, altura do nº 2163
PASSEATA: até Hotel Reinascence
* Para quem é de Campinas, às 8h sairá um ônibus da PUC levando os manifestantes até a capital.

Fonte: FENAJ

GILBERTO DIMENSTEIN

Jornalista sem diploma não tem futuro

Gilmar Mendes comparou o jornalista ao cozinheiro; não acredito que um cozinheiro, no futuro, prospere sem diploma



PROFESSOR de Harvard, o psicólogo Howard Gardner ganhou notoriedade mundial ao disseminar o conceito de inteligências múltiplas -em poucas palavras, a inteligência se manifesta das mais diferentes formas, inclusive na habilidade como se move o corpo num campo de futebol.

Veja a renda mensal de jogadores que desprezaram a escola como Adriano (R$ 300 mil) ou Ronaldo (R$ 1,1 milhão) -agora, compare com salário de um professor doutor da USP, com dedicação integral (R$ 6,7 mil). Imagine quantos times de professores seriam necessários para ganhar o salário dos dois jogadores.

O psicólogo afirma que uma das habilidades fundamentais no mercado de trabalho é a "mente sintetizadora". Por isso, apesar da decisão do Supremo Tribunal Federal, na semana passada, de permitir que até um jovem com ensino médio (ou menos) trabalhe numa Redação, o jornalista não terá futuro sem, no mínimo, um diploma. Provavelmente o menos importante desses diplomas seja o de jornalismo.

Mente sintetizadora é a habilidade de extrair o que é essencial do amontoado cada vez maior de informações despejada diariamente pelos mais diferentes meios. Para Gardner, o profissional do futuro deverá ter essa "mente" ou, pelo menos, ser assessorado por alguém que a tenha, do contrário tende a ficar paralisado entre as múltiplas alternativas.

Para nenhuma atividade profissional, o desafio de lidar com o excesso de informação (e, portanto, exercer a capacidade de síntese) é tão pesado como para os jornalistas. Afinal, a imprensa é e será o grande filtro, seja no papel, no rádio, nas telas da televisão ou do computador. O jornal "The New York Times" inventou, no mês passado, um novo cargo: editora de "mídia social". Sua missão: navegar pelo labirinto das redes de internet como Orkut, Facebook, Twitter, além da floresta de blogs, e descobrir informações e tendências. Quem está acompanhando as manifestações do Irã, vê o papel dessas redes diante da proibição de divulgação de notícias.

Não se desenvolve a capacidade de síntese sem um longo treino de associação de dados, ideias e conceitos, o que exige uma vivência de ensino superior, com cargas de leitura e dissertações aprofundadas. Desenvolve-se, aí, a competência para identificar, relacionar e selecionar, a partir de problemas complexos.

Daí que o aluno que passou a vida decorando para fazer provas tem até a chance de entrar numa boa faculdade, mas corre o risco de quebrar a cara no mercado de trabalho.

O fim da obrigatoriedade do diploma responde a essa demanda dos meios de comunicação: a abertura para profissionais ou acadêmicos das mais diversas áreas, especializados em determinados assuntos, capazes de acompanhar melhor a velocidade do conhecimento. É bem diferente de certos tempos em que se aceitavam, sem maiores problemas, repórteres talentosos para descobrir o futuro, mas incapazes de escrever; havia, na Redação, profissionais pagos para escrever a matéria, chamados "copidesque".

O jornalista de qualidade será obrigado a se reciclar permanentemente, mantendo-se ligado a algum nível de vida acadêmica. É apenas consequência óbvia da era da aprendizagem permanente. Ou seja, um diploma é pouco. O presidente do STF, Gilmar Mendes, ao justificar o fim do diploma, comparou o jornalista ao cozinheiro. Também não acredito que um cozinheiro, no futuro, prospere sem diploma de ensino superior.

Ao contrário do que se pensa, o fim do diploma deve ajudar os cursos de jornalismo. Basta ler um texto universitário para ver a inviabilidade da linguagem acadêmica na mídia. Os profissionais que desejarem prosperar numa Redação terão de reciclar sua linguagem e lidar com as técnicas de comunicação; o acadêmico tem a reverência do processo; o comunicador, a do instante.

Minha aposta é que serão criados cursos de curta duração, no estilo sequencial, com foco no mercado de trabalho. Com a decisão do STF, tirando os corporativistas, todos saíram ganhando a começar do leitor.

PS - Minha aposta: os cursos de jornalismo mais procurados serão uma versão um pouco mais ampliada dos treinamentos oferecidos atualmente em jornais e algumas revistas. Ou seja, centrados na prática e no contato com jornalistas em atividade. Fora disso, é para quem procura fazer teses de doutorado (o que, diga-se, é importante).

Ou jogar dinheiro fora. É mais uma pancada contra a praga do corporativismo que, na semana passada, levou mais cutucões, entre os quais a divulgação dos salários dos serviços municipais pela Prefeitura de SP e o anúncio da obrigatoriedade de exames para diretores regionais de ensino e de saúde, além dos diretores dos hospitais da rede pública paulista.

Vamos, aos poucos, aprendendo a valorizar o mérito para defender a coletividade, especialmente os mais pobres. Para completar, alunos se mobilizaram contra a greve na USP.

Folha de S.Paulo

Decisão deve mudar cursos de jornalismo

Fim da obrigatoriedade do diploma, determinada na semana passada pelo Supremo, provoca discussão em universidades

Diretores de escolas dizem que procura por cursos não deve diminuir e comparam futuro da carreira ao que ocorre com publicitários


ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL

O fim da obrigatoriedade do diploma de jornalismo, determinada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), deve aumentar a qualidade dos cursos e trazer mudanças nas grades curriculares ou nas opções de formação oferecidas.

A opinião é de professores e diretores dos principais cursos de jornalismo do país. Para muitos deles, a decisão irá "reestruturar a categoria".
À frente das escolas de jornalismo, especialistas preveem a oferta de mais opções de pós-graduação na área e até a possibilidade de uma volta ao currículo em que os alunos faziam primeiro disciplinas humanísticas e, nos últimos anos da graduação, as disciplinas práticas.

A opção abriria a chance para pessoas com formações em outras áreas cursarem uma habilitação em jornalismo, mais curta que um curso universitário integral. Todas essas possibilidades estão em discussão no Ministério da Educação, onde um grupo vem estudando modificações nos currículos.

Hugo Santos, diretor de Comunicação e Artes da Estácio Ensino Superior, aposta em cursos mais tecnológicos e ampliação das opções de pós-graduação em jornalismo.
O professor José Marques de Melo, que atua na Universidade Metodista de São Paulo, vê nos mestrados profissionalizantes uma tendência, como ocorre nos EUA. Apesar disso, ele defende a boa formação de jornalistas generalistas, para que os jornais atendam a um público cada vez mais amplo.

A valorização da formação universitária específica na área e a procura por vagas oferecidas nos vestibulares não devem sofrer modificações, dizem professores e diretores.

Muitos comparam o futuro de seus cursos ao que já ocorre na publicidade -profissão na qual o diploma não é uma exigência. "Os empresários da publicidade procuram estagiários e profissionais com formação na área e a procura pelos cursos é muito alta", diz Ricardo Schneiders, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
José Luiz Proença, da Escola de Comunicação e Artes da USP, lembra que os cursos de jornalismo são anteriores ao decreto-lei de 1969 -parcialmente derrubado pelo STF. "No tempo anterior à obrigatoriedade [do diploma], os cursos já tinham procura", diz.

Leonel Aguiar, coordenador do curso de jornalismo da PUC-RJ, diz que os cursos "com excelência acadêmica" continuarão sendo procurados pelos que querem se iniciar na profissão.

"Quem tem talento e quiser ser um bom jornalista vai aproveitar muito se escolher um bom curso", afirma Carlos Costa, coordenador de Jornalismo da Cásper Líbero.

Folha de S.Paulo

Plano Municipal de Educação em debate na Câmara

Com a sensibilidade de alguém que vive a Educação há mais de 30 anos, o professor e vereador Eliseu Gabriel deu start para os debates sobre o Plano Municipal de Educação e colocou o tema na ordem do dia da comunidade


No último dia 18, estiveram presentes mais 300 pessoas entre educadores, especialistas, pais e alunos, num evento focado na Concepção de Educação Integral - CIEP X CEU. Para Eliseu, a Educação Integral deve ser o pressuposto para a Elaboração do PME.

Leia na íntegra a matéria publicada no site da Câmara:

Os Centros de Educação Unificada e os Centros Integrados de Educação Pública são duas experiências de governo de formação integral de alunos. A primeira introduzida na gestão de Marta Suplicy na Prefeitura de São Paulo (2001-2004) e a segunda implementada nos dois governos de Leonel Brizola (1983-1986 e 1991-1994) no Estado do Rio de Janeiro.

Nesta quinta-feira (18/06), a Câmara Municipal de São Paulo realizou Ciclo de Debates no Salão Nobre para discutir os dois modelos. Por iniciativa do vereador Eliseu Gabriel (PSB), os debates visam a aprofundar as discussões em torno do Plano Municipal de Educação.

Para falar sobre o tema, o ciclo de debates teve como convidadas a professora Laurinda de Miranda Barbosa, da Fundação Darcy Ribeiro (RJ), e a professora Maria Aparecida Perez, ex-secretária municipal de Educação da cidade de São Paulo.

Em primeiro lugar, Laurinda tratou do papel social dos CIEPs. A educadora contextualizou os princípios da proposta pedagógica do modelo, que ajudou a implantar nos anos 80 no Rio, como integrante da equipe do professor Darcy Ribeiro.

O primeiro CIEP foi inaugurado em 1985, no Largo do Machado, no Rio. “Tínhamos um anseio de liberdade e de construção de democracia. Queríamos mudar o mundo”, conta Laurinda, resgatando o espírito do grupo que construiu a proposta do CIEP, num ambiente de redemocratização do Brasil. A educadora desmistificou que apenas a manutenção da criança e do jovem na escola por um tempo maior baste para resolver o problema da educação. “Se uma escola não é boa em meio horário, em período integral ela vai ser duas vezes pior”, sublinha.

Nos oito anos de Brizola à frente do governo do Rio, foram construídas 406 unidades dos CIEPs, com capacidade para 600 alunos cada uma, todas assentados no tripé educação-cultura-saúde. 425.800 alunos foram atendidos pelo CIEP nesse período.

Em seguida, Cida Perez fez exposição sobre o projeto pedagógico dos CEUs e em que medida ele promove a inserção social. Cida ressaltou que, diferentemente do CIEP, a experiência do CEU se baseia no tripé educação-cultura-esportes. Ela também revelou que a concepção do modelo foi influenciada, em alguma medida, por experiências do passado como os parques infantis dos anos 30, as praças de equipamento idealizadas pelo educador Anísio Teixeira, os ginásios vocacionais, os ensinamentos do educador Paulo Freire, além do próprio CIEP.

“No CEU, dá pra gente inovar na composição, por exemplo, do Conselho Gestor, com maioria da comunidade e não da comunidade escolar (pais, professores e funcionários). Conseguimos dar uma voz maior [na gestão Marta Suplicy]. [A gestão atual] modificou o projeto arquitetônico. Na hora que eu espalho os prédios como eles fizeram, eu tiro o espaço de vivência comunitária. Hoje, a participação da comunidade é mais formal no Conselho Gestor”, salienta Cida Perez à nossa reportagem.


“Uma visão da escola de horário integral e de educação integral é a principal contribuição que podemos dar juntamente com outras experiências para o Plano Municipal de São Paulo. Talvez [com os CIEPs] nós tenhamos nos antecipado na história. A experiência dos CIEPs soma-se à do CEU, às feitas em Recife atualmente, à que se fez em Belo Horizonte, em Porto Alegre. Elas vão nos ensinando a caminhar cada vez mais para uma educação verdadeiramente de qualidade social”, acrescenta a professora Laurinda à nossa reportagem.

Depois das duas exposições, foi aberto espaço às contribuições dos representantes das entidades que colaboraram na promoção do evento, como o Centro do Professorado Paulista (CPP), a Via Cultural Instituto de Pesquisa e Ação pela Cultura e a REMEC-SP (Representação do Ministério da Educação em São Paulo).

“O Plano Municipal de Educação vai ser uma lei que vai planejar a educação na cidade de São Paulo nos próximos 10 anos ou mais. É uma exigência de uma lei federal de 2001. O Executivo já começou o processo de discussão do Plano no ano passado. O Plano contém tudo de importante que se possa imaginar. As medidas sociointegradoras passaram a ser questões centrais e não mais secundárias”, salientou o vereador Eliseu Gabriel, que presidiu a mesa do ciclo de debates, composta também por Laurinda, Cida, e pelo conselheiro suplente do Conselho Estadual de Educação, Severiano Garcia Neto.

As contribuições e reflexões do ciclo de debates deverão dar origem a um texto, segundo Eliseu Gabriel.

A Univesp é um bom caminho para ampliar o acesso ao ensino superior no país?

SIM

O papel da universidade



Por Gil da Costa Marques

A UNIVERSIDADE tem duas funções primordiais. A primeira é expandir as fronteiras do conhecimento e, assim, enriquecer a cultura científica e tecnológica do país. A mais importante, no entanto, é promover a formação de recursos humanos qualificados, os quais são elementos-chave no fomento do desenvolvimento econômico e social.

Para melhor cumprir sua função social, as universidades públicas devem buscar alternativas, além do ensino presencial, visando à ampliação da oferta de cursos novos. Isso levaria à formação de mais indivíduos qualificados para alavancar o desenvolvimento da sociedade que as sustenta.

Por isso, vemos como positivas as iniciativas das universidades estaduais paulistas de investir no ensino à distância. A universidade é o espaço da criatividade, da pesquisa e da inovação. Espera-se dela que investigue e analise novas ideias e experiências de natureza educacional. Assim, urge encontrar mecanismos institucionais visando à incorporação das novas tecnologias tanto no apoio ao ensino presencial quanto na ampliação de cursos de extensão e de graduação.

Há uma demanda crescente pelo ensino de qualidade. Há, por outro lado, no modelo atual de ensino, uma limitação de recursos materiais e humanos que impede o atendimento cabal dessas demandas. Com a evolução das ferramentas voltadas para o ensino, a modalidade à distância se torna uma alternativa viável para atender boa parte da demanda reprimida.

Portanto, a questão do uso das novas tecnologias não é se devemos utilizá-las para ampliar a oferta de cursos, mas como fazê-lo e em que ritmo.
O uso das novas tecnologias no ensino pode representar uma mudança de paradigma. Trata-se de uma forma de democratização do ensino e uma alternativa de inclusão social para aqueles que, por conta da sua condição social ou localização geográfica, não têm acesso ao ensino presencial.

Pode a universidade pública furtar-se à pesquisa, à disseminação e ao uso de um instrumento tão promissor?
Podemos oferecer cursos à distância sem que se perca a comprovada qualidade do ensino presencial?

Temos pouca experiência nessa modalidade, mas chamamos a atenção para um caso concreto. Tendo em vista a necessidade de formação de professores, a UFRJ oferece cursos à distância. O relatório de avaliação do curso de física indica que o desempenho dos alunos e a taxa de evasão são os mesmos dos cursos presenciais.

A experiência da UFRJ demonstra que uma universidade de prestígio pode praticar ensino à distância mantendo o mesmo nível do ensino presencial.
O senso de responsabilidade exigido de USP, Unesp e Unicamp impõe, por outro lado, muita cautela para que não se comprometa a qualidade do ensino. Ademais, ninguém, ao que se saiba, defende a substituição ou a redução do ensino presencial.

As duas propostas em discussão na USP, por exemplo, visam tão-só à ampliação da oferta de cursos. Elas foram formuladas por 32 docentes de vasta experiência e devem ser (ou foram) analisadas em seis instâncias diferentes na universidade. Uma vez que temos um longo percurso pela frente e estamos apenas aprendendo a ensinar utilizando essas novas tecnologias, essa cautela é justificável. Novos cursos e modelos educacionais, além dos já sugeridos, devem ser analisados no futuro.

Por que deveríamos, nesse momento, ampliar a oferta de cursos? Uma nova perspectiva se abre quando analisamos o problema do ensino de ciências e matemática no Brasil.
É sabido que avaliações recentes colocam o ensino dessas matérias no país entre os piores do mundo. Um dos entraves ao ensino de ciências é a qualificação dos docentes. Assim, acreditamos que a USP deve oferecer, num primeiro momento, cursos de extensão e cursos de licenciatura à distância nos diversos ramos das ciências e pedagogia.

Com isso, estaria atendendo a uma demanda de claro interesse social.
A questão central é se essas universidades querem lançar mão do ensino à distância para resgatar uma enorme dívida social. Estão sendo instadas a resolver um problema cuja solução está a seu alcance. Cabe a elas contribuir, de forma significativa, para a melhoria do ensino no Brasil.

Projeto que reduz maioridade penal avança no Senado

O projeto que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos avançou no Senado. Em votação anteontem, a Comissão de Constituição e Justiça rejeitou a emenda que propunha responsabilizar todos os menores de 18 anos -incluindo aqueles abaixo de 16 anos- que praticassem crimes hediondos.

O texto básico da PEC (proposta de emenda constitucional) para reduzir a maioridade já havia sido aprovado em abril de 2007 - faltavam só as emendas.

Agora, o projeto seguirá para votação no plenário do Senado. Se aprovada, em dois turnos, a PEC sobre a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos ainda passará pela Câmara, onde também ter de ser avaliada votações em dois turnos.

A proposta de redução da maioridade é criticada por segmentos sociais e desaprovada pelo governo. Na Comissão de Constituição e Justiça, parte dos senadores condenou a redução da maioridade, alegando que o ideal seria fortalecer as políticas de apoio a jovens.

Fonte: Folha de S.Paulo

Até onde vai a exigência do diploma?

Depois da declaração abaixo, minha revolta triplicou! Podemos então afirmar que continuará existindo o "diferencial" na hora da contratação. Mas somente EM ALGUNS CASOS, entendi direito?! Porque não liberar as vagas disponíveis ao cargo de Jornalista, do STF, para os não diplomados, nobre presidente?




STF já não sabe se deve exigir o diploma de seus jornalistas

A decisão do Supremo Tribunal Federal de derrubar a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão gerou dúvidas na área administrativa do tribunal, que se prepara para contratar, por concurso, 14 profissionais da área.

Até ontem, o edital, a ser lançado nos próximos dias, exigia o diploma de jornalista. Agora, porém, a Comissão de Concursos da corte já estuda a necessidade de modificar os pré-requisitos que serão cobrados para preencher as vagas na Secretaria de Comunicação do órgão. O salário é de R$ 6.651,52.

O próprio presidente do STF, Gilmar Mendes, não esclareceu o caso: "Não está excluída a possibilidade de que seja exigido diploma de jornalista ou de outra profissão. O STF tem que examinar".

Mendes disse ontem que a decisão do STF -que julgou inconstitucional o decreto-lei de 1969 que exigia o diploma para exercer a profissão de jornalista- deve refletir em outras categorias: "Se não houver a necessidade de conhecimento científico [em uma profissão], [a exigência de diploma] vai ser considerada inconstitucional".

Informações: Folha de S.Paulo

sábado, 20 de junho de 2009

Diploma de jornalismo... Para quê? Vamos vulgarizar e banalizar a profissão!!!

Ter o diploma como exigência não vai impedir que outras pessoas se expressem. É mais do que um incentivo por um jornalismo profissional e também pela disseminação de novas idéias, é um direito.



Há quem diga que o fim do diploma não vai “desqualificar” os profissionais, ao contrário, vai valorizar ainda mais quem tem formação e pode acabar com os cursos ruins e “caça níqueis”.

Mas ainda acredito que a existência do diploma não impede que exista a liberdade de expressão e jamais pode ser associado com algum tipo de censura.

Vivemos em um país burocrático, e isso é um fato a ser aceito! O diploma assegura ao jornalista pelo menos 50% da valorização do esforço de estudar por quatro anos, fora cursos e mestrados, doutorados, pós… A sensação é de que estamos estudando para “nada”, a competitividade já era muito grande e agora só tende a aumentar.

Vamos competir com profissionais de outras áreas, que talvez não saberão escrever para um público menos provido de informação. Imaginem um economista escrevendo para leitores da classe B ou C, por exemplo, o que faremos com o “economês”?

Nós somos preparados para exercer esta função, no mínimo temos mais discernimento daqueles que não estudaram, não digo capacidade, porque existem pessoas talentosas, mas me refiro à técnica.

Simplesmente facilitar para pessoas que não sabem o que é jornalismo, fazerem jornalismo?! Eu não concordo!

No mundo real, as coisas são diferentes. Trabalhadores-jornalistas são explorados e obrigados a produzir cinco ou seis matérias por dia, num ritmo frenético. Viram a madrugada, se necessário, e no final das contas não recebem uma hora-extra. É isso que acontece com a maioria dos jornalistas.

Cronistas, articulistas e não-jornalistas já trabalham nas redações pela legislação atual, como colaboradores, e por isso recebem mais do que o repórter, por exemplo, que faz o trabalho de base.

Agora, já imaginou aumentar infinitamente a oferta de trabalho, sem uma exigência de qualificação mínima e de regulamentação para tal?

Jornalistas chegam a dizer e escrever o que não pensam - ou que não vai contribuir para um mundo melhor, porque a “maré não está para peixe”. E só sabe disso quem sente na pele a pressão das corporações (elas vão continuar existindo, e mais do que nunca, fortalecidas com essa nova face do monopólio da informação).

Só enxerga a questão como corporativismo quem está de fora deste mercado, e talvez querendo entrar. Mas não compreende a sua realidade e importância social.

Todas as profissões são constituídas como campos, e como tal, têm certa autonomia. Uma regulamentação é importante para lidar com as táticas e estratégias políticas provenientes da autonomia deste campo. Não é uma simples questão de vender a força de trabalho, e de incluir os milhares de precários.

O fim do diploma institucionaliza a exploração total. É isso que queremos? Quem compreende o que é consciência de classe, quem sabe pelo menos na teoria o que é isto, entende bem a ação do STF.

É na prática a desmobilização dos trabalhadores-jornalistas, a fragilização da sua consciência coletiva. Agora seremos formalmente vistos como indivíduos, e que vendem o somente trabalho intelectual.

Deixarei de ser jornalista, para ser apenas, uma cidadã consciente.

Anatel proíbe Telefônica de vender Speedy

Após sucessivas falhas do serviço de acesso à internet, agência decide forçar operadora a comprovar qualidade do serviço

Multa estipulada em caso de descumprimento será de R$ 15 milhões e de R$ 1.000 por unidade do Speedy vendida durante a proibição



DA REPORTAGEM LOCAL

A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) publica na segunda-feira no "Diário Oficial" da União um despacho em que proíbe a Telefônica de vender o Speedy, produto de acesso à internet em banda larga, até que a operadora implemente medidas que assegurem a qualidade do serviço. A agência só vai liberar o Speedy quando a Telefônica comprovar que as medidas impedirão novos colapsos.

Caso a operadora descumpra qualquer item do despacho, será multada em R$ 15 milhões. Além disso, a agência fixa também um valor (R$ 1.000) para cada unidade do Speedy vendida e habilitada durante a vigência da proibição.

A agência também determinou que a operadora informe os clientes, com a seguinte mensagem, que o produto está suspenso: "Em razão da instabilidade da rede de suporte Speedy, a Anatel determinou a suspensão, temporariamente, da sua comercialização".
O prazo dependerá da agilidade da Telefônica em apresentar à agência um plano que garanta a estabilidade, mas a agência prevê 30 dias. A suspensão se deve à sucessão de falhas no serviço ocorridas nos últimos 12 meses.

A Anatel afirmou ontem à Folha que instaurou cinco Pados (Processos Administrativos por Descumprimento de Obrigações) por conta da interrupção do Speedy ocorrida nos dias 2 e 3 de julho de 2008.

Dois deles são contra a Telefônica, um contra a UL do Brasil Certificações, que fez a checagem dos equipamentos usados na rede da Telefônica, outro contra o laboratório NMI Brasil Ltda, e, por último, contra a Huawei do Brasil Ltda, fabricante dos equipamentos.

Há ainda um novo Pado contra a Telefônica por uma sucessão de episódios que levaram o Speedy a falhas neste ano. Eles começam em 25 de fevereiro, com um incêndio nas instalações da companhia em Barueri.

Outros problemas ocorreram no início de março, com consequências até abril. Em 18 de maio, houve ataque de hackers. A pane do serviço de voz, em 9 de junho, bem como a instabilidade do Speedy em 16 de junho estão sendo averiguadas.

Outro lado
A Telefônica disse apenas que não foi informada oficialmente da punição pela Anatel.

Fonte: Folha de S.Paulo

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Como se sente um sujeito que de um dia para outro perde uma carreira de quase 30 anos

Por Fábio Pannunzio

Um nó na garganta. Um aperto amargurado no peito. E um ponto de interrogação sobre o futuro. É assim que e me sinto depois de quase 30 anos de jornalismo, profissão que eu amo de paixão, apesar de todos os pesares.

Decisão inapelável, irrecorrível. De todo o plenário do Supremo, tivemos a nosso favor apenas o voto do ministro Marco Aurélio. Todos os demais consideraram que o equívoco profissional sobre o qual erigimos nossas carreiras, com o qual pagamos nossas contas, conquistamos nosso respeito era um monstrengo inconstitucional criado pela ditadura que conspuracava a liberdade de imprensa.

"Jornalismo é sacerdócio", repetia o sábio Fernando Viera de Mello, meu mestre e inspirador dos primeiros anos. Ouvia isso ainda garoto, no começo da década de 80, quando havia uma relação belicosa entre "provisionados" e "diplomados". Os provisionados eram jornalistas que tinha formação em outras áreas, ou eram autodidatas provados pelo mercado.

Nas quatro décadas que se passaram desde a regulamentação "autoritária" da profissão o jornalismo melhorou muito. Se há um processo de depuração da política em curso, é graças ao trabalho de apuração desses profissionais perderam o direito ao registro profissional. Se alguém ainda fala na construção de um país com menos roubalheira, mais ética, com algum altruísmo, também isso se deve ao ideal que tem adotou essa ficção autoritária como sacerdócio e foi à luta.

Fico pensando na situação em que se encontram meus futuros colegas. Aqueles que ainda estão no banco de uma faculdade esperando pelo momento de enfrentar um mercado que agora não tem mais regras, não tem mais piso salarial, que simplesmente não existe mais para quem se preparou para ele. Espero que a Fernanda Muylaert, excelente repórter que eu acabo de capturar para o blog, possa expressar o que se passa no meio acadêmico, de onde ela acaba de ser desembarcada.

Se jornalismo é sacerdócio, agora somos sacerdotes sem templo. Não vai ser fácil sobreviver, pagar as contas, defender postulados éticos que deixaram de vigorar por decisão do pleno do STF. Fico imaginando como será concorrer com biólogos, físicos, analfabetos de outras áreas que virão certamente se colocar como mediadores entre fatos, fontes e a opinião pública.

Mas o mais difícil mesmo vai ser explicar aos meus filhos que agora eu não tenho mais profissão.

Desabafo

Realmente eu não entendo como alguns conseguem ver isso pelo lado positivo, como "a liberdade de expressão, direito a informação".

É claro que as empresas vão contiguar exigindo diplomas nas suas admissões, mas o curso de jornalismo cada vez mais vai perder a sua credibilidade. Até segunda passada, quando se falava em jornalismo, vinha a ideia "meu amigo vai estudar, e terá quatro longos anos pela frente".

Vejo no futuro o jornalismo como um cursinho qualquer, assim como moda, gastronomia, fotografia... "quer se aperfeiçoar, faz um curso de 1 ano e meio de jornalismo".

Não sei se estou viajando, mas quando leio: "O aperfeiçoamento do jornalismo praticado no Brasil não depende de tutelas legais e autoritárias, mas, ao contrário, da contribuição dos talentos e das vocações de todos os que, a despeito de sua formação escolar específica, sejam capazes de trazer à sociedade informações, análises e opiniões mais aprofundadas, mais claras e mais abrangentes.

A decisão do Supremo Tribunal Federal vem, finalmente, contribuir para que esse árduo compromisso -que é o da Folha- não encontre em dispositivos cartoriais, desconhecidos na ampla maioria dos países democráticos, um impedimento anacrônico, incompatível com o direito à informação, com a liberdade profissional e com a realidade, cada vez mais complexa, do jornalismo contemporâneo" (Folha de S.Paulo) - penso:
Onde fica toda ética, todas as regras exigidas na hora de se escrever, o curso sendo obrigatório todos aprendem basicamente as mesmas coisas, é claro que muda o nível de uma universidade para outra, mas seja como for, aprendemos o que devemos ou não colocar em nossas matérias, o que é certo e errado, é isso é meio regra para todos, isso é a ética jornalística, ainda que vc trabalhe conforme as "regras" da sua edição, lá atrás, na faculdade, vc aprendeu o certo e o errado.

Com essa mudança, onde ficam esses critérios da profissão? Se a pessoa não tiver esse conhecimento, como poderá sair por aí escrevendo matérias?

Pronto, falei!

Kelly Souza