quarta-feira, 24 de junho de 2009

Roosevelt e Obama: Uma comparação ou uma esperança?

Por Andréa Garbim

Franklin Roosevelt e Barack Obama: personalidades comparadas pelas dificuldades enfrentadas em seus governos. Duas realidades distantes e duas trajetórias que se entrelaçam em relação às questões políticas. Roosevelt, homem branco, de família aristocrática e primo distante de Theodore Roosevelt, presidente dos EUA (1901 – 1909); e Obama, um intelectual jovem de Harvard, protestante, descendente de muçulmano e o primeiro negro a chegar à Casa Branca por um grande partido, o Democratas.



Os governos desses dois presidentes são comparados por historiadores e analistas de economia desde a última campanha presidencial dos EUA. Um assunto que gerou pequenas críticas e atraiu a atenção de várias áreas pois Roosevelt, em seu governo enfrentou a Grande Depressão de 1929, e Obama que lida atualmente com os desdobramentos de uma grave crise financeira mundial.

Mas a maior semelhança entre eles está nos grandes discursos já realizados e frases que movimentaram a mídia. Pronunciamentos que marcaram época de campanha nas duas eleições. Roossevelt, que na época fora acometido de uma paralisia decorrente da poliomielite (que o deixou sem andar aos 39 anos), era incansável em suas palavras. E Obama, que se mostrou imbatível no plano da comunicação, com seu marketing político, tornando-se o “político 2.0”.

O escritor e historiador da Universidade de São Paulo (USP) Boris Fausto, explica outro aspecto que une as imagens: o fato de ambos terem chegado à Casa Branca beneficiados pela crise. Porém, Roosevelt não anunciou as medidas que tomaria contra a depressão - o que o tornou célebre na campanha de 1932. Suas preocupações com o corte de gastos e o equilíbrio orçamentário não divergiam do ponto de vista ortodoxo do então presidente Hebert Clark Hoover. O presidente americano, por sua vez, rapidamente construiu sua equipe parlamentar, planejou uma série de medidas com o objetivo de cortar gastos orçamentários, e consequentemente foi se tornando o centro da cena política americana.

Para alguns historiadores, o maior erro de Obama é tentar resolver vários problemas ao mesmo tempo, perdendo o foco. Já Roosevelt conseguiu aprovar 15 leis em três meses. A vantagem do atual governo dos EUA é a oportunidade de poder planejar melhor essa transição.

Roosevelt, na tentativa de solucionar os problemas da crise, ao assumir o poder, criou o “New Deal”, com o objetivo de sanear o sistema financeiro, impedindo manipulações e práticas fraudulentas no mercado de ações, favorecendo créditos aos agricultores e impulsionando o desenvolvimento da economia. No entanto, o “New Deal de Obama” também prevê iniciativas semelhantes, como por exemplo, os pacotes econômicos, o incentivo às atividades geradoras de energia limpa, algo que ninguém pensou nos anos 30, do século passado.

Hoje, a maior parte do eleitorado americano espera que, assim como Roosevelt, Obama seja lembrado na história como o presidente que tirou o país da crise. Os EUA esperam que o seu presidente use sábias palavras para inspirá-los uma nova esperança. Os americanos precisam de um governo que reforce o espírito do “tudo é possível na América”, e que lidere pelo exemplo. Mostrar indecisão pode comprometer a capacidade de liderança. Foi o que moveu Roosevelt a dizer, no seu discurso de posse, a frase que define, para muitos, seus anos no poder: “A única coisa que devemos temer é o próprio medo”.

O mesmo motivo levou Obama a dizer, em Chicago, na noite da sua vitória: “A estrada à nossa frente será longa. Nossa escalada será íngreme. Podemos não chegar lá em um ano, nem mesmo em uma gestão. Mas, América, eu nunca estive tão confiante de que chegaremos lá”.

Segundo Fausto, Barack Obama não enfrentará um cenário de guerra de proporções mundiais como Roosevelt. No entanto, conduzirá suas estratégias no palco das explosões econômicas e sociais, que vão continuar desestabilizando o mundo. Para o historiador, fica a indagação: “Ele terá a mesma sorte que Roosevelt, de livrar os EUA de uma grande crise financeira?”. Só o tempo nos dirá!

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