Ter o diploma como exigência não vai impedir que outras pessoas se expressem. É mais do que um incentivo por um jornalismo profissional e também pela disseminação de novas idéias, é um direito.
Há quem diga que o fim do diploma não vai “desqualificar” os profissionais, ao contrário, vai valorizar ainda mais quem tem formação e pode acabar com os cursos ruins e “caça níqueis”.
Mas ainda acredito que a existência do diploma não impede que exista a liberdade de expressão e jamais pode ser associado com algum tipo de censura.
Vivemos em um país burocrático, e isso é um fato a ser aceito! O diploma assegura ao jornalista pelo menos 50% da valorização do esforço de estudar por quatro anos, fora cursos e mestrados, doutorados, pós… A sensação é de que estamos estudando para “nada”, a competitividade já era muito grande e agora só tende a aumentar.
Vamos competir com profissionais de outras áreas, que talvez não saberão escrever para um público menos provido de informação. Imaginem um economista escrevendo para leitores da classe B ou C, por exemplo, o que faremos com o “economês”?
Nós somos preparados para exercer esta função, no mínimo temos mais discernimento daqueles que não estudaram, não digo capacidade, porque existem pessoas talentosas, mas me refiro à técnica.
Simplesmente facilitar para pessoas que não sabem o que é jornalismo, fazerem jornalismo?! Eu não concordo!
No mundo real, as coisas são diferentes. Trabalhadores-jornalistas são explorados e obrigados a produzir cinco ou seis matérias por dia, num ritmo frenético. Viram a madrugada, se necessário, e no final das contas não recebem uma hora-extra. É isso que acontece com a maioria dos jornalistas.
Cronistas, articulistas e não-jornalistas já trabalham nas redações pela legislação atual, como colaboradores, e por isso recebem mais do que o repórter, por exemplo, que faz o trabalho de base.
Agora, já imaginou aumentar infinitamente a oferta de trabalho, sem uma exigência de qualificação mínima e de regulamentação para tal?
Jornalistas chegam a dizer e escrever o que não pensam - ou que não vai contribuir para um mundo melhor, porque a “maré não está para peixe”. E só sabe disso quem sente na pele a pressão das corporações (elas vão continuar existindo, e mais do que nunca, fortalecidas com essa nova face do monopólio da informação).
Só enxerga a questão como corporativismo quem está de fora deste mercado, e talvez querendo entrar. Mas não compreende a sua realidade e importância social.
Todas as profissões são constituídas como campos, e como tal, têm certa autonomia. Uma regulamentação é importante para lidar com as táticas e estratégias políticas provenientes da autonomia deste campo. Não é uma simples questão de vender a força de trabalho, e de incluir os milhares de precários.
O fim do diploma institucionaliza a exploração total. É isso que queremos? Quem compreende o que é consciência de classe, quem sabe pelo menos na teoria o que é isto, entende bem a ação do STF.
É na prática a desmobilização dos trabalhadores-jornalistas, a fragilização da sua consciência coletiva. Agora seremos formalmente vistos como indivíduos, e que vendem o somente trabalho intelectual.
Deixarei de ser jornalista, para ser apenas, uma cidadã consciente.
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